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Esse artigo não tem referências. Também li muito pouco sobre o assunto. E não sou especialista em crianças. E nem tenho filhos! O que vem a seguir é o que eu aprendi trabalhando, como trainer de PNL, com clientes que, no caso, eram crianças. E aí, como eu cheguei a esse momento quando muitos dos meus clientes são crianças?
Há dezessete anos, uma mulher me telefonou e me falou sobre sua filha de 9 anos que tinha ansiedade severa e ataques de pânico. A mulher explicou que a sua filha não conseguia nem carregar um copo de refrigerante porque tremia muito. Eu disse que não trabalhava com crianças. Ela disse que estavam desesperadas. Elas tinham tentado de tudo. Eu disse não, eu não tive treinamento para trabalhar com crianças, e não tinha nenhuma experiência. Ela implorou. Eu disse OK. Ela reservou dois horários, um de tarde e outro na manhã seguinte. Elas tinham que viajar muito para chegar a Christchurch onde eu clinicava. Na hora do atendimento, começou um temporal com relâmpagos e trovões como eu nunca tinha visto. Eu fechei as cortinas para reduzir o barulho da tempestade. A menina muito pequena sentou numa posição muito estranha, toda contorcida. Pingava suor das suas mãos trêmulas. (Eu também estava trêmula e isso não era exatamente um bom rapport!) Sua mãe me entregou uma pilha de papéis com cerca de 20 cm de altura e disse: “Isso foi tudo o que nós fizemos até hoje”. Eu dei uma olhada rapidamente, agradecida por ter uma chance de me concentrar e entrar num estado com mais recursos. A pilha de papéis consistia de relatórios e cartas de todo tipo de especialista - médicos, pedagogos e psicólogos. Era um pouco opressivo. Eu coloquei tudo de lado, me virei para a minha jovem cliente e perguntei: “E o que você gostaria que acontecesse?” Eu eliciei o objetivo dela. O mais importante para ela era: ser capaz de carregar a sua bebida e de tomar chá com a bandeja no colo enquanto assistia à televisão.
Além de fornecer mais detalhes sobre os objetivos, nós fizemos um processo de integração das partes com limpeza da linha do tempo e estabelecemos uma âncora de relaxamento. Eu achei que tudo transcorreu bem, apesar das trovoadas e dos relâmpagos lá fora!
Na manhã seguinte, elas chegaram tarde para a sessão. A mãe entrou primeiro na sala e começou a falar, mas desatou a chorar! Enquanto eu esperava que ela se acalmasse, eu pensei na pilha de papéis que ela tinha me entregue no dia anterior. Eu percebi que cada um daqueles relatórios representava um tremendo esforço da parte dela na procura contínua de uma solução para a filha. Cada um tinha envolvido uma viagem, contratar alguém para cuidar dos outros filhos, dinheiro que elas não tinham e, provavelmente, muito mais coisas do que eu podia imaginar. Eu senti uma grande admiração por aquela mãe brava e obstinada. Eu estava consciente de que quase tinha recusado a ajudá-las e, naquela hora, decidi que estaria disposta a auxiliar pessoas de qualquer idade que queriam aprender como ser mais alegres.
Objetivos: de quem?
Quando for trabalhar com crianças, é uma boa ideia começar explicando algumas coisas acerca dos objetivos. Os pais normalmente incentivam as sessões, e essa é a primeira diferença importante para ficar atento quando tratar com crianças.
Os pais têm objetivos para seus filhos.
Os pais têm objetivos para eles mesmos.
As crianças têm seus próprios objetivos.
As escolas têm objetivos.
E, naturalmente, nós mesmos, como Practitioners, temos nossos próprios objetivos.
Aproveite para esclarecer, você está trabalhando com os objetivos de quem?
Esclareça isso com os pais e a criança.
Na maioria das vezes eu escolho trabalhar com os próprios objetivos da criança. Isso significa que eu geralmente não trabalho com uma criança que não quer trabalhar comigo. Eu gosto de me reunir com a criança e falar sobre o que eu posso ensinar a ela.
Antes de nós começarmos…
Eu proponho uma sessão de introdução onde eu encontro a criança e os pais. Eu descubro o que a criança quer e o que os pais querem. Quais são os contextos pre-existentes? O que a criança está esperando? O que os pais estão esperando?
Em seguida eu explico o que as sessões podem envolver, a partir do contexto de que ela irá aprender como usar a mente dela. Explico que ela precisa praticar algumas coisas. Eu dou alguns exemplos, uma experiência simples da linha do tempo ou de submodalidade. Depois pergunto para a criança se ela gostaria de voltar e aprender como ensinar a mente dela a relaxar mais, ou qualquer coisa que ela queira. Eu sou muito clara de que a escolha é dela.
Veladamente…
... muita coisa acontece nessa primeira sessão. O mais importante é colocar a criança à vontade. Como a marcação da primeira sessão é feita por telefone, eu sugiro ao pai ou a mãe como expor isso de antemão ao seu filho. Claro que o pai ou a mãe querem ajudar, e funciona melhor se eles receberem algumas sugestões de como podem fazer isso com eficiência. Então eu sugiro que digam ao seu filho:
“Lynn vai poder lhe mostrar como ensinar a sua mente a fazer mais daquilo que você quer fazer.”
As pressuposições nessa frase são úteis tanto para os pais como para a criança porque penetram na neurologia deles.
Enquanto estamos passando o tempo nessa sessão introdutória, nós ainda não começamos. Desse modo fica muito mais fácil calibrar o que acontece, criar rapport e preestruturar o processo de aprendizagem.
Quando eles chegam para a sessão, eu normalmente pergunto para a criança onde ela gostaria de sentar. Começo perguntando no que a criança está interessada e do que ela realmente gosta. Nunca assuma algo em que a criança possa estar interessada. Muitas vezes é surpreendente. Enquanto nós conversamos, eu procuro os pontos fortes, recursos, áreas de confiança e de alegria. Muitas vezes, você pode perceber como os interesses dela têm potencial para serem desenvolvidos, mais tarde, em metáforas. Você também pode, dissimuladamente, criar uma âncora de recurso. Minha intenção é criar rapport, manter a criança num estado positivo e, de preferência, rir bastante antes de começarmos a falar sobre o que ela quer mudar e a PNL.
Eu me lembro de ter perguntado para um menino o que ele gostava de fazer. Eu queria descobrir isso quando ele estivesse confiante e relaxado. De início ele disse que na verdade não havia nada. Eu o encorajei a procurar alguma coisa. Perguntei sobre jogos, computador, livros, brinquedos e hobbies... e, no fim, sua mãe mencionou que ele gostava de cavar buracos. Houve uma mudança de estado incrível quando ele começou a me contar sobre o buraco que tinha escavado recentemente quando eles se mudaram de casa. Era tão grande que os vizinhos perguntavam quando ia ficar pronto para fazer o fogo do churrasco! Ele ficou muito entusiasmado me contando sobre o buraco. Nós nos divertimos muito. O rapport foi aprofundado (trocadilho intencional!) e eu fui capaz de estabelecer uma âncora realmente útil quando ele, espontaneamente, acessou o entusiasmo e a confiança, me contando sobre o que havia feito. Eu também percebi como seria útil para esse menino uma metáfora do tipo ”escavar um tesouro” ou escavar um túnel. É de um valor incrível fazer esse processo para acessar estados de recursos bem no início.
Quando começo a falar sobre a PNL, eu mantenho contato ocular idêntico entre os pais e a criança, perguntando a cada um, individualmente, o que ele quer. Se eu estiver fazendo anotações, normalmente escrevo mais quando a criança fala sobre o que ela quer. Isso transmite, inconscientemente, a ideia de que a opinião dela é importante. Eu faço perguntas exploratórias com a intenção de entrar, realmente, no modelo de mundo da criança e de conseguir um rapport integral.
O exercício indicativo
Normalmente, nessa primeira sessão, eu direciono os pais e a criança através de um exercício que demonstra como, com a mudança das representações internas, a pessoa consegue mudar dramaticamente os resultados. Esse tipo de demonstração é usado para estruturar o processo de como eles podem ensinar a mente a fazer mais daquilo que eles querem.
Acordo
Esclareça o acordo de confidencialidade com os pais e a criança e questione se algum dos dois estará presente, ou não, durante as sessões. Perguntar à criança o que ela prefere é outra maneira de colocá-la à vontade.
A família como sistema
A criança é parte de um ou mais sistemas familiares. Muitas vezes, os problemas apresentados são tentativas conscientes ou inconscientes da criança para lidar com uma família complicada ou com uma situação escolar. Vários laços de comunicação, crenças e expectativas acontecem entre os membros da família. Eu gosto de aproveitar a oportunidade para influenciar essa dinâmica tornando mais fácil algumas mudanças com os pais. Algumas dessas mudanças são evidentes e outras são dissimuladas. Geralmente é útil dar aos pais uma maneira específica e visível para eles auxiliarem no processo. As habilidades de comunicação podem ser ensinadas. Eu, algumas vezes, combino com os pais para que relembrem a criança, ocasionalmente, de certas coisas. Isso é combinado de antemão para que quando a criança pedir que o pai ou a mãe a ajudem, fique mais fácil lembrar de fazer essas coisas novas. De novo, a intenção é, tanto quanto possível, colocar a criança à vontade. Eu posso pedir que os pais ajudem chamando a atenção da criança para certas coisas. Por exemplo, eu posso treinar os pais de uma criança ansiosa, para que em um momento de ansiedade, pergunte a criança: “O que de legal podia acontecer agora?” Ou uma outra pergunta qualquer que direcione a atenção da criança para um possível resultado positivo no futuro. Isso além de ser um benefício direto e visível para auxiliar a criança, também muda o que os pais estão fazendo. Os processos de pensamento e de atenção dos pais são dramaticamente deslocados. Fazer efeito em dois lugares no sistema é muito eficiente.
Mudança dissimulada nos pais
Se um dos pais fica na sala durante as sessões, então existe uma ótima oportunidade para tornar mais fácil a mudança com o progenitor. Muitas vezes eu ensino os processos para as crianças fazendo demonstrações com os pais. Normalmente existe um espelhamento do problema entre o progenitor e a criança. Então, se a criança está experimentando muita raiva, é provável que o progenitor também esteja, na mesma situação, experimentando frustração ou raiva. Pais e crianças têm um profundo nível de rapport. Os pais de uma criança ansiosa provavelmente estão preocupados com o futuro da criança. Na minha experiência, abordar diretamente esse tipo de processo paralelo diretamente pode causar muito desconforto ao pai. Os esclarecimentos, que poderiam dar conforto ao pai não são, normalmente, apropriados com a criança presente. Os pais estão propensos a se sentirem responsáveis pelos problemas dos seus filhos e, por isso, é importante apoiá-los e fortalecê-los. Usar o pai como demonstração para ensinar a criança é uma maneira efetiva de ajudar o sistema familiar a se tornar mais funcional. Por exemplo, se eu estivesse ensinando o processo de limpeza da raiva a uma criança, eu poderia perguntar ao pai se ele está disposto que eu o conduza pelo processo, porque assim seu filho pode ver como se faz para ajudá-lo a se sentir mais confortável. Eu também posso perguntar ao pai, se alguma vez em que o filho ficou brabo, ele também não ficou brabo e, nesse caso, nós podemos usar isso como uma prova e prosseguir para fazer o processo de limpeza da linha do tempo.
Uso da linguagem e precontextos
Quando for trabalhar com crianças é essencial desenvolver maneiras de descrever e de ensinar os processos usando uma linguagem simples, engraçada e intrigante. Eu posso descrever o processo da ancoragem como um “botão mágico” que elas podem instalar para ajudar a mente a conseguir uma sensação de alegria. Um swish é usar figuras para dizer à mente delas “Isto não! Isso!” As representações internas são pensamentos que dão instruções para a mente delas.
Por causa do enorme desequilíbrio de poder no seu relacionamento com uma criança cliente, elas estão menos propensas de dizerem que não entenderam algo do que um cliente adulto.
Usando as próprias palavras da criança
Quando uma criança descreve o desafio dela, ela usa palavras específicas. Um menino de 6 anos de idade que vomitava antes da escola devido a ansiedade, falou que tinha um “nó na barriga”. Ele sabia exatamente o que isto significava e ao usar estas exatas palavras iremos ativar a neurologia do desafio de uma maneira que outras palavras não fariam. Usar as próprias palavras da criança para a solução também é inestimável. Tanto quanto possível minha intenção é estar em rapport total e adotar o vocabulário dela durante toda a sessão. Também é importante ficar atento ao complexo jargão que se infiltra dentro da linguagem do Practitioner e, por isso, devemos usar palavras e conceitos mais simples.
“É isso o que vai acontecer…”
Eu gosto de oferecer uma perspectiva detalhada da estrutura do que eu vou fazer, a “visão geral”, bem como detalhes do processo individual de mudança. A perspectiva inclui a repetição dos pontos chaves e a calibração da reação da criança. Enquanto isso acontece, eu estou lançando sugestões positivas para o bem-estar e o sucesso, tranquilizando e dizendo a ela o que esperar.
Desenvolva e use maneiras simples, use linguagem simples e metáforas para explicar e contextualizar os processos da PNL que você vai propiciar. Por exemplo, se eu quero auxiliar uma criança com ansiedade do colégio pela integração de partes, eu poderia preestruturar o processo usando as seguintes ideias:
· Então você quer ser uma pessoa feliz, mas fica doente antes do colégio? Essas duas coisas são opostas e você é uma pessoa com um cérebro, certo? Isso significa que a sua mente deve estar agindo como se tivesse duas coisas, e você é apenas uma pessoa. Então vamos fazer um processo que pede para o seu cérebro notar que isso é uma coisa só e fazer algumas mudanças para que você possa ficar mais contente.
· O que eu vou fazer é pedir para você imaginar cada uma dessas partes de você que parecem opostas. Eu vou pedir que você imagine como se parece cada uma das partes, e depois você vai perguntar para cada uma delas o que ela quer.
· Quando a sua mão estiver flutuando no ar, assim, a parte automática do seu cérebro estará segurando ela nessa posição, certo? Você não está organizando todos esses músculos, não é? Então, a sua mão flutuando nos dá uma maneira de nos comunicarmos com a parte automática do seu cérebro.
· Vai ter uma parte do processo em que eu vou pedir que você seja igual ao comandante de um avião: deixe as suas mãos no “piloto automático” e elas irão se mexer totalmente sozinhas. A sua função será esperar e deixar que elas tenham todo o tempo que precisam para se mexer enquanto a sua mente faz aquelas mudanças que você quer.
· Pode parecer um pouco engraçado sentar aqui e esperar as suas mãos se mexerem automaticamente enquanto a sua mente automática faz as mudanças que você quer.
Um espaço livre, sem ideias preconcebidas
Ao começar a ajudar uma criança a mudar, é importante deixar de lado qualquer noção preconcebida sobre o que ela parece ou o que ela pode estar pensando. No momento em que começar a trabalhar com uma criança, você já formou suas próprias ideias sobre o que os pais, os professores e outros especialistas disseram da criança. Essas “boas ideias” se insinuam no caminho ou na sua natureza atual e usando os seus próprios sentidos para perceber imediatamente como a criança realmente está naquele momento, e o que é apropriado fazer, naquela hora, na sessão.
Humor, brincadeiras
Adotar uma atitude de humor e de brincadeira ajudará o processo a fluir. Eu tenho algumas brincadeiras que as crianças pequenas gostam. Também descobrir o que elas acham engraçado e ser capaz de rir junto com elas é muito conveniente. Isso precisa ser equilibrado para manter o processo no caminho certo. É uma habilidade muito útil praticar maneiras de orientar alguém para se manter “no rumo” com os resultados da sessão enquanto você permanece flexível, respeitoso e alegre.
Âncoras de recursos
Muitas vezes eu ensino para as crianças como se ancorar em um estado de recursos. Chamo isso de “botão mágico”, apesar de que eu sempre explico como funciona a mágica! Esse é um excelente processo a ser ensinado também aos pais. Os pais serão capazes de fazer a criança se lembrar de momentos com recursos dos quais ela não se lembra mais. Talvez eu use perguntas como “do que você gosta?” ou “no que você é bom?”
Algumas vezes eu aproveito a oportunidade para pedir que a criança pense em uma vez em que se sentiu realmente amada, e como ela sabia que era realmente amada. Esses são bons estados de recursos e, de um modo discreto, você pode usar isso para chamar a atenção dos pais para a estratégia da criança para se sentir verdadeiramente amada.
O uso da metáfora terapêutica
Já se sabe a milhares de anos que histórias são uma maneira eficaz de transferir experiências. Pode-se desenvolver uma metáfora específica, que tem a ‘mesma forma’ do problema. O resultado será otimizado se o contexto da metáfora for algo atraente para a criança. Por exemplo, na área do desafio de manter a cama seca, a uma menina que gostava muito de animais, foi contada uma história sobre um coelho que tinha um lugar no fundo da sua toca que vazava de noite e como o coelho consertou pegando recursos materiais como barro e galhos, recursos que ela já tinha... o caminho até o fundo... bem lá dentro.... e o caminho até aqui... ela fez alguns ajustes... bem lá no fundo... solucionando o desafio, de tal modo que a cama passou a ficar totalmente seca todas as noites, mesmo que estivesse chovendo. Para um menino, numa situação similar, foi contada a história de um encanador consertando um problema de vazamento no porão de uma fábrica de eletrônicos.
O uso da linguagem simbólica
Muitas vezes as crianças usam símbolos e linguagem simbólica para descrever um problema. Perguntas que facilitam a mudança no nível simbólico são muito valiosas. Se o símbolo usado, por exemplo, era de um “nó” na barriga, eu podia fazer perguntas que evoluíam e expandiam este símbolo para a mudança. “Que tipo de nó é esse?” “O que você gostaria que acontecesse com um nó como esse?” “O que poderia acontecer um pouco antes desse nó ser desfeito?”
A Linguagem Clara, desenvolvida por David Grove, fornece um ótimo modelo para explorar a linguagem simbólica e os gestos.
O uso de desenhos
Os desenhos podem ser usados individualmente ou em sequência para acessar e aumentar os recursos.
Você também pode usar desenhos para instalar e fortalecer as novas estratégias que foram ensinadas. Algumas vezes eu peço para a criança fazer o desenho em casa, embora existam vantagens em realizar o desenho durante a sessão onde você pode usar as magníficas oportunidades oferecidas pelo “transe do desenho”, fazer sugestões e facilitar a interação com o símbolo do recurso. Algumas vezes, também aparecem novos objetos nos desenhos que são relevantes para a situação.
· Um simples desenho pode focar a atenção em um recurso. Por exemplo, um menino falou da sua raiva como sendo uma coisa vermelha na sua cabeça. Eu influenciei a suposição dele sobre a intenção positiva mais elevada da sensação da raiva. Eu queria que ele se convencesse a fazer o que mais queria - ser feliz. Eu perguntei a ele qual a cor que a sensação na cabeça dele tinha agora que ele sabia que aquela velha sensação queria que ele fosse alegre. Ele disse que era como o amarelo do sol. Então pedi que ele desenhasse uma figura daquele amarelo da sua cabeça. Quando ele desenhou a figura, eu pude perguntar de um modo bem descontraído, como aquele alegre sol amarelo queria que ele se comportasse, e até mesmo que boas ideias ele teria sobre como ser mais alegre.
· Pode ser muito útil fazer uma série de desenhos rápidos. Por exemplo, eu muitas vezes uso uma sequência de três desenhos: 1) o problema; 2) o recurso; 3) o resultado com o recurso.
O recurso pode ser um recurso interno como ‘felicidade’ ou ‘confiança’. Em qualquer caso eu posso fazer perguntas para esclarecer o símbolo que a criança usa para isso e pedir para ela desenhá-lo. O recurso também pode ser algo totalmente indireto e divertido, como um personagem de quadrinhos. Desse modo, podemos solicitar a uma criança que tem problemas com timidez para fazer um pequeno desenho mostrando como isso se parece. Então, que super herói ou personagem de desenho animado poderia ajudá-la com esse problema, e daí fazer um desenho desse personagem. Finalmente o terceiro desenho pode ser a criança na situação desafiadora junto com o personagem do desenho animado que está ajudando-a.
Cumprimentando e chamando atenção para as mudanças
O modelo da Terapia da Solução Focada (Solution Focused Therapy - SFT) tem muito para oferecer aos Practitioners de PNL que trabalham terapeuticamente. Eu, particularmente, dou valor para a abordagem do TSF com crianças para chamar a atenção para as mudanças e os sucessos, e amplificá-los. Onde a atenção está focada é absolutamente crucial em termos dos resultados finais emocionais e de comportamento. No começo de uma sessão é muito importante que você como Practitioner esteja atento e conduzindo para que a atenção esteja focada para alguma situação útil. Isso irá afetar todo o curso da sessão. Também é muito bom modelar o progenitor.
Por isso eu posso perguntar para a criança no começo de uma sessão de acompanhamento:
· O que foi que melhorou?
· O que você percebe que está diferente?
Se houve retrocesso:
· O que você aprendeu com isso?
· Isto o fez ficar mais determinado a fazer o quê?
Quando você elicia uma mudança positiva:
· Como você fez isso?
· Você fez isso! Uau!
· Como você soube fazer isso? Que bom para você! Isso foi magnífico!
Se o problema é levantado:
· Antes de começarmos a falar sobre isso, posso lhe perguntar o que melhorou?
Ponte ao futuro e estratégia de recuperação
Assim como uma ampla Ponte ao Futuro de todas as estratégias e sensações desejadas, com muitas sugestões positivas, eu também gosto de criar uma ponte ao futuro da recuperação ideal da situação desafiadora. Então, se a antiga reação ressurge, sob qualquer condição, as crianças sabem como lidar com ela com competência. Isso precisa ser feito com cuidado para que exista uma suposição predominante de resultados positivos, e que as últimas sugestões e representações sejam de sucesso absoluto.
Conclusão
Eu percebi de como esse processo pode ser poderoso e gratificante quando trabalhei com aquela primeira jovem. Naquela manhã, depois que a mãe parou de chorar, ela me disse que a filha tinha tomado o café da manhã sentada na cama com a bandeja no colo. Suas mãos tinham se acalmado consideravelmente. Ela não estava suando. Tudo isso era novo, e as lágrimas daquela mãe eram um alívio e uma alegria, porque finalmente, depois de tanto tempo, alguma coisa estava fazendo a diferença.
Aconteceu uma maravilhosa “sincronicidade”: enquanto eu escrevia esse artigo, fui verificar a caixa de correspondência e lá estava uma carta daquela jovem que tinha sido minha primeira cliente! Fazia muito tempo que eu não recebia notícias da família. Uau! Ela já tinha dezesseis anos e estava na segunda série do secundário. Ela falava de quando “tinha vindo e recebido a PNL de você!” E continuava:
“Eu estou com muita confiança de que vou passar nas provas daqui a um ano. Coloquei um piercing na língua e carrego os copos de água, cozinho a qualquer hora e sou capaz de ficar sentada por muito tempo. Eu fui diagnosticada com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade! Mas eu acho que não tenho! Eu tenho muito mais amigos do que tinha naquela época e, sem problemas, posso fazer novos amigos. Eu já me candidatei a uns 5 ou 6 empregos e não consegui nada até agora, mas logo, logo, vai chegar a minha vez.”
Esse artigo está no site de Lynn Timpany sob o título NLP and Change with Children