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Há duas perguntas que, em algum momento, todos os practitioners de PNL fazem a si próprios. A primeira é: "O quanto é realmente possível conseguir com a PNL?" e, mais especificamente, "Será que isso vai funcionar quando o terapeuta sou eu?"
A segunda é: "De que maneira vou resolver as reações inesperadas durante a terapia?" Esta pode ser uma preocupação importante para os practitioners inexperientes; com certeza, comigo foi assim. Este caso levantou ambas as questões, e também a minha pulsação. Espero que essa experiência possa ser útil e fortalecer a coragem de alguém.
A cliente tinha quatro tumores fibrosos, um deles maior do que uma laranja, diagnosticados por CAT scan e confirmados pelo ultrassom. Eles eram benignos, mas agora estavam muito grandes, causando perda de sangue e consequente anemia, e um edema (compressão da aorta abdominal) que resultou em inchaço do pé esquerdo. A recomendação médica foi a de histerectomia total, embora não fosse essa a única opção. Alguns meses antes eu o havia colocado em um transe geral de cura, após o que os tumores menores desapareceram, e o maior diminuiu de tamanho em 93%, conforme medido pelo CAT scan e o ultrassom. No entanto, depois disso, eles voltaram a crescer e as complicações começaram a aparecer. Os especialistas haviam ficado surpresos com a diminuição anterior ("Isso não acontece!"), mas estavam novamente recomendando a cirurgia. A cliente também tivera um carcinoma cervical não invasivo, tratado com sucesso em 1988, e uma história familiar de câncer, que a havia conduzido à ansiedade e a algumas crenças fatalistas.
A cliente possui habilidades excelentes de transe e visualização; e, com forte confiança e rapport, concordou em tentar mais terapia. Eu não fiz os cursos de Master Practitioner, de Core Transformation®, nem trabalhei com outros clientes, a não ser meus amigos pessoais, portanto sou apenas um noviço. Tendo folheado recentemente o livro Transformação Essencial, de Connirae Andreas (Summus Editorial) e feito uma meia página de breves anotações, tendo também passado por duas core transformations, eu percebi que esta era a abordagem mais promissora (a ser seguida num transe de cura mais profunda).
Quando chegou a hora, eu estava mais nervoso do que havia imaginado, embora minha voz estivesse suficientemente calma para a cliente não o perceber. Era a primeira vez que realizava uma core transformation, com notas escassas, e duvidando da possibilidade de obter um resultado! Felizmente, acredito que tudo é possível, mesmo que não necessariamente provável. Mas isso é teoria. Apesar de confiar no processo, desta vez o desafio era grande e poderia ter consequências mais graves.
Começamos com um relaxamento rápido, em transe médio; eu perguntei se ela poderia identificar a parte responsável pelos tumores. Ela as identificou e recebeu dando-lhes boas vindas. Foi muito agradável observar a cliente. Perguntando sobre a finalidade deles, a resposta foi: "Está quebrado... não posso fazer a química correta. Há um gene ruim, herdado de minha mãe."
"OK, o que ele deseja fazer?"
"Fazer tecido muscular saudável".
Continuamos, para descobrir o resto da corrente, que era: funcionamento completo, boa saúde, integridade. Fizemos o reverso da corrente de resultados, voltando da integridade para trás, percorrendo o caminho contrário, notando o quanto isso transformava e enriquecia esses resultados. A parte agora estava feliz, porque tinha todas essas coisas e, sem dúvida, ia fazer tecido muscular sadio. (A cliente me disse, depois, que ela havia visto a coisa ir até a parede e girar uma chave que mudou a sequência do controle). Quando eu perguntei a idade da parte, ela disse que era herdada, e que vinha de muito longe. Eu verifiquei qual seria o momento de seu ponto inicial, e ela respondeu "Concepção". Nós fizemos a parte crescer até a idade atual, com o benefício da integridade, levamo-la inteiramente pelo seu corpo e, sem objeções, continuamos na generalização da linha do tempo. Tudo estava indo bem.
Antes de continuarmos, a cliente disse: "Espere. Tem uma parte que está triste. Ela não vai se unir às outras partes."
"Que parte é essa?"
"É ela que causa o câncer."
"OK, e qual é sua finalidade original, o que ela quer fazer?"
"Fazer as coisas crescer."
A partir daí, nós obtivemos o resto da corrente: integração, saúde completa, aceitação. O reverso da corrente funcionou também para esta parte. Verificando a idade da mesma, descobrimos que também era hereditária, mas agora havia se unido às outras partes e estava feliz; portanto, continuamos. Quando chegamos à generalização na linha do tempo para essa parte, e eu sugeri que ela flutuasse sobre sua linha de tempo, ela disse: "Espere, eu não sei onde estou!"
Eu também não sabia; assim, tive que pedir a ela que olhasse ao redor, encontrasse alguma perspectiva, considerasse como chegou onde estava. Levou algum tempo para que ela se localizasse confortavelmente. Ela explicou depois que, como havia relaxado durante o transe, ela desceu por canais, nadou em piscinas, para chegar a níveis ainda mais profundos de salas e canais, a fim de chegar até onde funcionavam as partes metabólicas. Literalmente, talvez sua própria essência. O câncer / parte de crescimento também foi até a parede para girar uma chave, e as sequências se alinharam novamente até tornar-se inteira e saudável. Agora, ela estava feliz e plenamente aceita pelas outras partes. Então, fizemos a outra generalização na linha do tempo, com todas as partes felizes. Antes de irmos adiante, encontramos outro obstáculo.
"Minhas partes não querem voltar!"
"O quê? Como foi que elas saíram?" Elas realmente me pegaram fora de guarda. E quantas estavam lá fora?
"Eu as levei para fora para inspecioná-las, e agora não sei como colocá-las de volta. Elas não querem ir," disse a paciente, e começou a preocupar-se.
E eu também; o que mais havia acontecido, que eu não sabia? Eu não tinha a menor ideia do que dizer. Fiquei imaginando o que Richard Bolstad faria nessa situação e, de repente, eu soube.
"Você acha que as partes sabem como voltar para dentro?"
"Humm ... sim, elas sabem."
"E você pode confiar que elas sabem o que fazer?"
"Sim, eu posso."
"Certo. Peça-lhes que vão em frente e façam isso agora."
"Sim ... elas querem ser reconhecidas, e ter certeza de que eu compreendo." Ela as abraçou a todas, e as partes ficaram felizes.
"E elas podem voltar agora?"
"Sim", e uma porta se abriu e todas foram para dentro. Ela me disse depois que elas estavam fora dela durante as duas linhas de tempo, sibilando atrás dela como faíscas elétricas de uma corrente. Tenho certeza de que aqui há uma lição sobre suposições.
Agora que ela tinha conseguido "juntar-se novamente", eu a conduzi a um transe profundo para maximizar o processo de cura. A paciente confirmou que a cura continuaria a se realizar rapidamente e não pararia antes que ela estivesse completamente curada, e disse, ainda, que isso levaria 28 dias para se completar. Ela voltou à superfície sentindo-se integrada, harmoniosa, e já mais saudável. Ela perdeu o edema e notou a diminuição considerável dos tumores no dia seguinte, e toda a dor e desconforto haviam desaparecido. Uma semana depois, ela havia perdido 2 kg e era capaz de correr milhas pela primeira vez em muitos meses.
Duas semanas depois, da sessão, o CAT scan e o ultrassom não diagnosticaram quaisquer traços de fibrose. Naturalmente, os médicos suspeitaram de algum erro e quiseram fazer mais testes, o que a cliente declinou como perda de tempo.
A sessão inteira foi realizada por telefone. Naturalmente, essa não é minha melhor escolha, mas pode funcionar quando necessário, desde que haja confiança suficiente e rapport, e habilidades apropriadas (neste caso, a habilidade da cliente em alcançar e manter o transe profundo por telefone).
Além de ficar emocionado com o resultado, eu senti esse fato como uma experiência de aprendizado. Em relação à pergunta sobre o que é possível, minha resposta agora é: "O suficiente para continuar". A resposta sobre a maneira como vou enfrentar reações inesperadas também é: "O suficiente para continuar."
Eu também cheguei ao discernimento de que "Se o seu mapa não está funcionando, tente usar o mapa do cliente."
Publicado na revista Anchor Point, Julho de 2000
Publicado no Golfinho Impresso nº 70 - NOV/2000
Tradução: Hélia Cadore