Colecionando Estados [1]
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Há dezoito anos, eu li Frogs Into Princes (Sapos em Príncipes [3], Summus Editorial) e aprendi muito sobre o conceito de estados e âncoras. Desde então, tenho-me dedicado a escrever sobre estados e a ensinar sobre o domínio dos mesmos. Quando refletimos sobre o que realmente significa ter o domínio do próprio estado [4], percebemos que essa é uma das habilidades mais valiosas que um ser humano pode adquirir. Muitos problemas, na vida, têm suas raízes em estados sem recursos: estresse, raiva, depressão, ansiedade, medo, preocupação, bloqueio ou pressão, e por aí vai. Muitos outros problemas surgem em função de maneiras ilegais, não saudáveis ou contraproducentes que são empregadas para tentar sair de estados sem recursos ou chegar a estados agradáveis e prazerosos. Vícios de todos os tipos podem ser observados: comer em excesso, beber em excesso, usar drogas, jogar, prejudicar os outros, etc.
Durante os últimos dezessete anos e meio, eu colecionei aproximadamente 130 a 150 estados favoritos. Mas, recentemente, eu tenho colecionado estados por hobby. O número de estados em minha lista, no computador, cresceu aos saltos e em pencas. Cada estado [4] assemelha-se a um objeto precioso, numa coleção rara. Isso criou um grande impacto em minha vida e na vida daqueles a quem tenho influenciado para que mantenham suas próprias listas.
Minha lista original consistia somente de estados de recursos [5]. Muitos eram termos genéricos, como: estado [4] de alegria, estado [4] de autocontrole, estado [4] de serenidade, estado [4] de coragem, estado [4] de confiança, estado [4] de poder, estado [4] criativo, estado [4] assertivo, estado [4] centrado. Agindo como se [6] você estivesse em qualquer desses estados, lembrando-se de momentos passados, quando você esteve nesses estados, imaginando como seria estar nesses estados no futuro, firmando âncoras ou modelando aqueles que são ou foram a personificação desses estados, você pode acessá-los. Algumas pessoas acharam isso relativamente fácil de fazer. Mas muitos outros não perseveraram sozinhos. Quando tinham um orientador, ele os motivava a dar passos efetivos. Mas, depois, abandonaram a experiência.
Eu gostaria de compartilhar com os leitores o processo que uso, atualmente, para auxiliar as pessoas a atingirem uma consciência mais plena do próprio estado [4] e a acessarem estados que melhorarão suas vidas. No livro que vou lançar em breve, apresento uma seção sobre como colecionar uma biblioteca pessoal e um arquivo de estados.
Eu acho eficaz auxiliar as pessoas para que iniciem duas listas de seus estados pessoais. Uma lista com os estados de recursos [5] que elas experimentam, e outra com os estados de falta de recursos. Ambas as listas são mantidas em ordem alfabética. Toda vez que você se encontrar num estado [4] especial de recursos, dê-lhe um nome. Deixe que esse rótulo lembre a você a ocorrência ou incidente específico que o provocou. Podem ser estados com o nome de canções inspiradoras e tocantes. Os estados podem ser nomeados conforme seus modelos de estados específicos: grandes comunicadores, a pessoa mais serena que você já encontrou, aqueles com coragem indômita e nervos de aço. Também podem ser nomes de lagos cheios de paz, jogos excitantes, vitórias brilhantes, vezes em que a multidão tornou-se selvagem, momentos de iluminação espiritual e ocasiões de clareza mental. Se você notar que está tendo coragem perante um indivíduo em particular, dê o nome desse indivíduo ao estado [4]. Se você teve professores, mentores ou guias em cuja presença sentiu-se satisfeito consigo mesmo, pensando e agindo no seu máximo, nomeie seus estados por essas pessoas.
Continue sempre acrescentando novos estados à sua lista de estados de recursos [5]. Isso o torna mais consciente [7] dos momentos de apreciação e gratidão, momentos de força, momentos de transcender os limites, momentos de vitórias de todos os tipos.
Você vai se lembrar de momentos do passado em que se sentiu em estado [4] de recurso [8]. Rotule esses momentos. Volte até sua infância lembrando-se das coisas mais positivas que vivenciou. Algumas pessoas têm predileção por lembranças ruins. Isso é bom para aqueles que desejam construir sua lista de estados sem recursos. É melhor ainda para aqueles que desejam, agora, acrescentar estados de recursos [5] no presente, àquelas lembranças antigas. Fazendo isso, no futuro, quando você se lembrar dessas coisas, elas estarão elevadas à categoria de ativos e recursos, ao invés de passivos.
Eu descobri que é muito benéfico manter também uma lista de estados sem recursos. Isso pode ajudar a fazer a ressignificação [9] desses estados para outros que transmitam poder ao seu proprietário. Provavelmente, as pessoas usam mais a palavra "humor" do que "estado [4]". Esperamos que as estatísticas mudem, e que eventualmente mais pessoas venham a falar sobre seus "estados" ao invés da consciência limitante de "maus humores." Você poderá ouvir as pessoas falarem em "humor", talvez assim: "Eu estou de mau humor hoje." Ou, "Não adianta, não estou no meu dia." Aqueles que falam dessa maneira, frequentemente sentem-se sem coragem para tomar uma atitude [10] proativa e mudar seu "humor". Porém, quando alguém usa a palavra "estado [4]" nos momentos em que se sente sem recursos, isso pode facilmente servir como uma âncora [11] para procurar a lista de estados de recursos [5]. No começo, pode-se fazer isso com uma lista escrita. Em pouco tempo, o cérebro fará isso automaticamente.
Há algum tempo atrás, eu levei alguns de meus netos ao zoológico. Os maiores gostaram de ver todos os animais. Mas, para o seu avô, toda a viagem foi um estado [4] de "Levar meus netos ao zoológico". Eu acrescentei os estados de "pinguins nadando", e "ver os macacos se balançarem livremente de uma árvore para outra", imaginando como um pinguim ou macaco cria o próprio estado [4]. Mas, minha neta de três anos ficou o tempo todo repetindo o mantra: "Eu quero ver as zebras". Esta estratégia [12] levou-a a focalizar somente aquilo que ela queria ver no futuro, perdendo a oportunidade de gozar do momento presente. Acrescentei, então, o estado [4] "Eu quero ver as zebras", em minha lista de estados sem recursos.
Eu partilhei a metáfora [13] com alguns adultos capazes de compreender a mensagem subjacente. Para muitos, a quem o conceito de "estados" é novo, o que os capacita a internalizar o valor dos estados é quando eles conseguem estabelecer seus estados personalizados. Isso os coloca em um estado [4] de "agora eu realmente entendi!" Alguns de meus estados prediletos são:
- Ao acordar, eu acesso o estado [4] de "Estou grato por receber mais um dia de vida".
- Quando derrubo alguma coisa no chão, meu cérebro acessa o estado [4] de "Que bom que a lei da gravidade ainda funciona."
- Ao respirar, eu entro no estado [4] de "Eu aprecio cada uma de minhas respirações".
- Ao ouvir o ruído de uma furadeira, eu entro no estado [4] de "A furadeira está fazendo meus conceitos entrarem cada vez mais profundamente em meu subconsciente".
Alguns dos estados que fazem grande diferença na vida das pessoas são: "Aprender algo com todas as pessoas que encontrar." "Melhorar o meu cérebro com todos os estados e recursos, em todos os contextos." "Centrado, focalizado, e fluindo". "Cheio de energia vital e plenamente vivo". "Este momento é o primeiro momento do resto de minha vida". "Transcendendo insultos e negativismo". "Rapport [14] instantâneo!" "Eu me sinto bem, eu me sinto maravilhoso!" "Ganhando um bilhão de dólares na loteria." (Na verdade, você não precisa realmente ganhar a loteria para acessar este estado [4], assim como as preocupações acessam o estado [4] de ansiedade sem que tais preocupações jamais se tornem realidade.)
Habitualmente, leia e releia sua lista de estados de recursos [5]. À medida que você lê os títulos desses estados, você vai experimentar aspectos de tais estados. Tendo-os diante de sua consciência, é mais provável que seu cérebro acesse espontaneamente esses estados para você.
Vou terminar este artigo desejando ao nosso planeta estados de paz, cura, alegria, amabilidade e compaixão. Aqueles que partilham dessa visão estarão associados, tornando esse desejo uma eventual realidade.
Trad.: Hélia Cadore
Artigo publicado na revista Anchor Point, Março 2001
Artigo publicado no Golfinho Impresso Nº77 de Junho/2001