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Estrutura profunda e estrutura de superfície
Em um nível profundo de pensamento, quem está falando tem o conhecimento completo do que ele deseja comunicar para a outra pessoa. Isso é chamado de estrutura profunda e opera em um nível inconsciente. Para ser eficiente na sua comunicação verbal ou escrita, quem está falando omite, generaliza ou distorce inconscientemente, os seus pensamentos internos com base em suas crenças e valores, memórias, decisões (limitantes), estratégias, o que ele quer que você ouça, etc. O que é finalmente dito ou escrito (estrutura superficial) é apenas um pequeno subconjunto do pensamento original e pode ser ambíguo ou confuso e levar a problemas de comunicação.
Para ilustrar a estrutura profunda e a estrutura de superfície e porque é importante estar consciente da distinção, vamos supor que você seja o meu coach de negócios. Antes de dizer ou escrever uma palavra e, muitas vezes em um piscar de olhos, os meus pensamentos internos (estrutura profunda) são, inconscientemente, filtrados através de meu modelo de mundo (crenças e valores, etc.). Eu, então, lhe digo: "Meu chefe não aprecia o que eu faço." – A estrutura de superfície da minha comunicação. Você, como o meu coach de negócios (supondo que você não foi bem treinado) toma as minhas palavras e em um nível profundo de pensamento (sua estrutura profunda), filtra o que eu disse através de suas crenças e valores, memórias, decisões... Então você pode dizer (estrutura superficial) algo como: "Eu sei exatamente o que você está dizendo e aqui está o que você deve fazer." Seu conselho pode ser o mais adequado para você e o mais inadequado para mim, visto que você não tem a compreensão real sobre o que eu quero dizer por "meu chefe não aprecia o que eu faço." Como resultado, isso pode nos levar a uma discussão, porque eu sinto que você não me entendeu e está sempre me dizendo o que fazer. Eu posso me tornar mais entrincheirado em continuar com as minhas crenças e comportamentos limitantes. Para ser um coach efetivo, você precisa ficar curioso sobre o que eu disse e fazer perguntas para nós dois a fim de obter uma melhor apreciação da minha estrutura profunda. Uma vez que tenhamos esse esclarecimento, você estará em uma posição melhor para prestar assessoria. O que muitas vezes acontece é que quando eu, como cliente, esclarecer a questão e o que precisa ser feito, eu não vou precisar do seu conselho, mas simplesmente o seu continuo apoio e curiosidade. Em outras palavras, como coach você precisa me ajudar a descobrir o caminho da minha estrutura de superfície para a minha estrutura profunda da linguagem através do questionamento.
O Metamodelo nos fornece (como coaches, chefes, terapeutas, familiares, amigos...) um conjunto de perguntas para auxiliar a pessoa que estamos ajudando (cliente) a se mover da estrutura de superfície da sua comunicação para a compreensão de sua estrutura profunda – crenças inconscientes, valores e decisões. Isso não é apenas encontrar as respostas certas, mas ter uma melhor compreensão do modelo de mundo do seu cliente.
Origem do Metamodelo
John Grinder e Richard Bandler desenvolveram o Metamodelo modelando dois terapeutas de muito sucesso, Fritz Perls e Virginia Satir, que obtiveram resultados extraordinários ao fazerem seus clientes serem mais específicos no que eles expressavam. Ou seja, o uso de certos tipos de perguntas para reunir informações (ganhar a compreensão da estrutura profunda do cliente). Grinder e Bandler observaram que, ao se mover da estrutura profunda para a estrutura da superfície, as pessoas inconscientemente usavam:
• Omissão: nós só apresentamos algumas das informações disponíveis na estrutura profunda.
• Generalização: nós podemos fazer afirmações gerais sobre o que acreditamos, como vemos os outros, os nossos valores, etc. Nós ignoramos possíveis exceções ou condições especiais.
• Distorção: podemos escolher simplificar excessivamente ou fanatizar sobre o que é possível ou sobre o que aconteceu.
Para recuperar as informações que faltam, como resultado de omissões, generalizações e distorções, Grinder e Bandler identificaram 12 padrões diferentes com perguntas correspondentes e chamaram isso de Metamodelo. O Metamodelo é ser mais específico (segmentando para baixo) para obter uma melhor compreensão do modelo de mundo da pessoa. Toda a comunicação humana tem o potencial de ser ambígua. O objetivo das perguntas é penetrar nessa ambiguidade, o que pode causar problemas, e acessar as informações que faltam tanto para o cliente como para o coach, ou seja, obter uma melhor compreensão da estrutura profunda do cliente e dar melhor sentido à comunicação.
Embora baseado no trabalho de dois terapeutas, o Metamodelo tem uma aplicação muito mais ampla – sempre que duas ou mais pessoas estiverem envolvidas com comunicação – no trabalho, no lazer, na família, etc.
Uma vez obtida essa habilidade, o Metamodelo é uma ferramenta poderosa e útil. No entanto, exige prática para dominar o processo de questionamento e o processo deve ser feito com um alto grau de rapport – o cliente deve se sentir seguro e sem estar pressionado. Antes de fazer as perguntas do Metamodelo a qualquer um dos meus clientes, estudantes, colegas, familiares, etc., eu me certifico de que ele está confortável na minha presença, de que se sente em segurança e aí faço a seguinte pergunta: "Posso lhe fazer uma pergunta?" Se ele responder ‘não’, então eu não uso o questionamento do Metamodelo. Em vez disso, coloco mais esforço para ouvir as pressuposições (o que está pressuposto) nas palavras que ele escolheu a fim de obter uma compreensão mais clara de seu modelo de mundo e como posso apoiá-lo melhor.
OMISSÕES
Omissão simples: quando alguma coisa é omitida.
Exemplo: "Eu estou furioso."
Pergunta(s) para recuperar a informação omitida: "Com o que?"
Índice de referência não especificado: a pessoa ou o objeto ao qual a afirmação se refere não está especificado ou não está claro.
Exemplo: "Eles rejeitaram a minha proposta de negócio." ou "Eles a rejeitaram."
Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: "Quem?" ou "O que?"
Omissões comparativas: a comparação é feita e não está claro o que está sendo comparado. A sentença conterá palavras tais como: bom, mau, melhor, muito melhor, pior, mais, menos, a maioria, pelo menos.
Exemplo: "Essa abordagem é a melhor."
Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: "Comparado com o que ou para quem?"
Verbo não especificado: nesse caso não está claro como algo foi feito.
Exemplo: "Eles rejeitaram a minha proposta de negócio." Eu usei o exemplo do índice de referência não especificado para ilustrar que, às vezes, existem várias coisas que foram omitidas, distorcidas ou generalizadas e cabe a você decidir qual linha de questionamento irá recuperar mais informações.
Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: "Como especificamente?"
Nominalizações ou Substantivações: um processo foi transformado em uma "coisa". Nominalizações são substantivos, apesar de que você não pode tocá-lo fisicamente ou colocá-lo no porta-malas de seu carro (substantivo abstrato). Exemplos de nominalizações são: comunicação, relacionamento, liderança, respeito, verdade, liberdade, depressão, amor, etc. A nossa tarefa aqui é fazer uma pergunta para que o processo possa ser redescoberto.
Exemplo: "A comunicação na nossa família é pobre."
Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: "Como você gostaria que nós nos comunicássemos?" Observe que também existe uma omissão comparativa e também poderíamos perguntar: "Pobre em comparação com o que?"
GENERALIZAÇÕES
Quantificadores universais: são situações que podem ter ocorrido uma, duas ou três vezes e a pessoa generaliza como se ocorresse sempre ou nunca. Os quantificadores universais são normalmente palavras como: tudo, cada, nunca, sempre, somente, todos, ninguém, etc.
Exemplo: "Meu chefe nunca me dá crédito para o que eu faço."
Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: nós podemos exagerar a generalização ou usar um contraexemplo. "Nunca?" ou "Já houve um tempo em que o seu chefe lhe deu crédito?"
Operadores modais de necessidade ou possibilidade: os operadores modais de necessidade incluem palavras como deveria, não deveria, deve, não deve, tem que, precisa, é necessário. Operadores modais de possibilidade incluem palavras como pode/não pode, irá/não irá, pode/não pode, possível/impossível. Estabelecem limites impostos por uma regra não implícita.
Exemplo: "Eu não posso fazer isso agora."
Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: a chave é desafiar a limitação. "O que aconteceria se você tivesse feito?" ou "O que o impede?"
DISTORÇÕES
Leitura da mente: nesse caso, quem está falando afirma saber o que outra pessoa está pensando ou sentindo.
Exemplo: "Meu chefe não está satisfeito com o meu trabalho."
Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: para esse padrão, nós simplesmente perguntamos como você sabe? "Como você sabe especificamente que o seu patrão não está satisfeito com o seu trabalho?"
Execução perdida: julgamentos sobre valores foram feitos e não está claro quem fez o julgamento.
Exemplo: "Esse é o caminho certo para ser promovido nessa empresa."
Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: "De acordo com quem?" ou "Como você sabe que esse é o caminho certo?"
Causa – Efeito: o orador estabelece uma relação de causa-efeito entre dois eventos ou ações. Construções comuns incluem: se, então, porque, faz, obriga, causa.
Exemplo: "Quando você olha para mim desse jeito, eu me sinto sem importância."
Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: "Como é que a maneira que eu olho para você faz com que você decida se sentir sem importância." Você também poderia usar um contraexemplo.
Equivalência complexa: nessa situação, duas experiências são interpretadas como se tivessem o mesmo significado. Essas duas experiências podem ser unidas por palavras tais como: por essa razão, o que significa, o que se conclui.
Exemplo: "Meu chefe entrou no seu escritório sem dizer ‘bom dia’, portanto, ele não está satisfeito com o meu trabalho."
Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: "Como não dizer ‘bom dia’ significa que o seu chefe não está satisfeito com o seu trabalho?" ou "Você nunca se sentiu pressionado pela família ou pelos negócios e se esqueceu de dizer ‘bom dia’ para os seus colegas de trabalho?"
Pressuposições: alguma parte da frase pressupõe ou deduz a existência (ou não) de alguma coisa, pessoa, etc., embora não esteja explicitamente declarada.
Exemplo: "Quando é que você vai demonstrar liderança para a sua equipe?" Essa frase pressupõe que você não demonstra liderança. Se você tentar responder a essa questão diretamente, estará cavando um buraco ainda mais fundo para si mesmo.
Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: "O que o leva a acreditar que eu não demonstro liderança?" ou "Como é que eu não demonstro liderança?"
Evite perguntar ‘por que’
Nenhuma das perguntas no Metamodelo tem ‘por que'. Muitas vezes quando você pergunta ‘por que’ para alguém, ele sente que tem que defender o que disse ou o que fez, dar desculpas ou racionalizar o comportamento dele. Por outro lado, se você expressar a pergunta como um "como", você entende melhor o processo utilizado pelo seu cliente e, assim, obtém mais informação e compreensão.
O artigo original "NLP Meta Model" encontra-se no site www.renewal.ca/