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Aplicando MetaEstados e Meta-Stating nas relações interpessoais
Em PNL nós pensamos sobre um estado de consciência como um estado holístico de corpo e mente envolvendo nossas representações internas (incluindo crenças, valores, decisões, etc.) e fisiologia (respostas neurológicas através do corpo, postura, respiração, tensão muscular, etc.). Estes estados primários têm referência com alguma coisa no mundo. Eu os chamo de estados primários, em parte, porque eles usualmente envolvem as emoções mais primárias: medo, raiva, alegria, prazer, tristeza/luto, etc.
- Eu me sinto satisfeito com meu aumento de salário.
- Eu temo que John não possa cumprir sua promessa.
- Eu sinto raiva com a forma como Joan fala comigo.
Com o Modelo de MetaEstados (Hall, 1995), nós agora podemos nos referir a "um estado sobre outro estado" (um metaestado).
- Eu me sinto culpado de estar sentindo raiva.
- Eu me sinto contrariado por estar me sentindo tão calmo; o que está errado comigo?
- Eu me sinto realmente calmo e tranquilo em relação ao meu medo.
- Eu me sinto orgulhoso de estar escandalizado!
Com este modelo de MetaEstados você pode reconhecer, analisar e trabalhar mais efetivamente com a consciência autorreflexiva quando ela faz um laço sobre si mesmo de tal forma que você gera pensamentos e sentimentos adicionais (um outro estado) com relação a um estado anterior. Isto nos dá um modelo para fazer distinções com relação à subjetividade individual que surge através dos recursos da consciência (isto não é nada fácil de fazer com o modelo de estratégias).
O PRÓXIMO PASSO: METAESTADO RELACIONAL
Chegou a hora de aplicar os MetaEstados da área intrapessoal (ou intra psíquico) para a dimensão das experiências interpessoais. Intra psiquicamente, eu posso me colocar em metaestados muito negativos, destrutivos, mórbidos e sem recursos: medo-de-ter-medo (paranoia), aversão-sobre-alegria (a mais perfeita forma de destruir a alegria), rejeição-a-emoções-negativas (o que faz com que minhas energias psíquicas se virem contra mim), medo-da-raiva, preocupação-com-preocupação, etc. Eu posso também me colocar em algum metaestado com recursos poderosos: calma-sobre-raiva, apreciação-sobre-falhas, coragem-sobre-amor, etc.
Agora eu posso buscar um outro estado para dar suporte a um estado primário com relação a mim mesmo e me colocar num metaestado, de forma que, quando eu buscar um estado para suportar o estado de outra pessoa - então interpessoalmente, eu me coloco em uma posição de metaestado em relação ao estado dela. Então, se John fica zangado comigo e expressa essa raiva para mim (digamos que ele o faça de forma apropriada e ponderada), e ainda assim, eu fico com medo da sua raiva - então, enquanto eu acessei um estado primário de medo, em relação a John, eu acessei um metaestado de medo-sobre-sua-raiva.
E daí? Meu medo neste caso funcionará dentro de mim quase da mesma forma como se eu tivesse acessado um metaestado similar dentro de mim com relação à minha raiva. Se eu temo-minha-raiva, então a minha raiva se torna inaceitável para mim. Eu me torno anulado por ela. Eu me fecho para a mensagem desta raiva. Eu não aprendo com ela. Eu a proíbo, nego, corro dela, etc. Eu colocarei minhas energias psicológicas contra mim mesmo.
O mesmo ocorre quando eu tomo uma posição de metaestado com relação à raiva do John. Quando eu fico temeroso (não de ações danosas, ameaçadoras, — as quais poderiam compreender os objetos legítimos e comuns do medo) de sua emoção de raiva, então eu acessei um metaestado de medo-da-raiva (raiva do John). Da mesma forma, eu me sentirei colocado de lado pelo mero fato de que ele tem uma emoção. Eu não aprenderei com isso, eu não perguntarei a ele sobre sua raiva, eu não explorarei a exatidão ou a intensidade da sua raiva. Eu não o comprometerei em um caminho que o ajude a testar a realidade da sua raiva. Eu a evitarei, correrei dela, tentarei acabar com ela, talvez o condene por ter esta raiva (um outro metaestado interpessoal), etc.
Isto significa que eu não somente entro em metaestados em relação a mim mesmo — em relação aos meus próprios estados mentais-emocionais e meus próprios conceitos (generalizações, crenças, "categorias" mentais), mas eu também acesso posições de metaestados relativas aos estados de corpo-mente dos outros.
META STATING — INTERPESSOAL E DE GRUPO de Michael Grinder
Michael Grinder forneceu alguns exemplos durante sua pré conferência "Habilidades de Apresentação" no Seminário da Mountain States Association of NLP (abril, 1996). Sob o tópico "reconhecendo resistência" em apresentações, Michael descreve vários padrões linguísticos para acompanhar a resistência em um público antes que a resistência possa surgir.
Por exemplo: na introdução de um tópico, um apresentador pode desviar-se por um momento e pedir que levantem a mão, à pergunta: "Quantos de vocês realmente não querem estar aqui?" Àqueles que responderem, o apresentador pode validá-los, então, afirmando: "Aprecio a honestidade de vocês". Se, conduzindo algum treinamento interno, isto pode ser reconhecido e validado para aqueles que "tinham" que vir ao treinamento.
Então, acompanhando alguns aspectos do treinamento a ser feito, "alguns de vocês podem não gostar de x". Ou "uma parte de vocês pode não gostar de x!" O apresentador pode então afastar-se do seu lugar, e olhando para este mesmo ponto (ancorando espacialmente aquele estado no palco) pode então oferecer certas ressignificações. " Embora possa parecer desconfortável, a longo prazo pode levar você a aumentar e desenvolver novas habilidades e capacidades que tornarão você mais eficaz."
Pense no que isto faz sob o ponto de vista de um metaestado. O palestrante, ao reconhecer a existência de um estado de resistência, e admitindo isso, tomou uma metaposição com relação a ele. Então, ao validá-lo trazendo seu próprio estado de apreciação por ele, criou um metaestado de apreciação sobre resistência, como se dissesse: "Eu aprecio sua resistência — ela tem valor".
Experimente isso em relações intrapessoais. Pense em uma ocasião em que você resistiu a algo. Agora permita-se experimentar apreciação pela sua habilidade de resistir a alguma coisa. Pare. Tome uma respiração profunda. Acesse apreciação-pela-resistência. Como criar o metaestado de resistência com aceitação transforma isso dentro de você? (habitualmente acalma e tempera a resistência, permitindo usá-la mais eficazmente).
Note também a outra "prestidigitação linguística" que Michael Grinder oferece. "Eu aprecio sua honestidade". O levantar das mãos e o próprio estado de "resistência" tem agora um novo rótulo: "honestidade". Que ressignificação! Esta ressignificação valida a resistência como uma expressão de um outro estado (honestidade). Isto, na realidade, sugere ou implica que honestidade e autenticidade dirigem a resistência.
Ainda um outro ponto. "Uma parte de você pode não gostar de x!". Se isto leva a pessoa a pensar: "Sim, uma parte de mim pode não gostar realmente de x", a pessoa deste modo aceita a pressuposição não enunciada "E uma parte de mim pode gostar de x". Isto divide o estado. Enfraquece-o, tornando-o incongruente.
Resumindo, o modelo de metaestados revela que o apresentador começou por levar uma metaposição (estado) para o estado do indivíduo (i.e., resistência). Ele cria um metaestado daquele estado primário com apreciação. Então ressignifica-o como honestidade. Na metaposição nós temos mais poder para estabelecer molduras de referência e atribuir novos e mais poderosos significados ao colocar rótulos mais apropriados para as coisas!
Gregory Bateson (1972) disse, "as metamensagens sempre modificam as mensagens de nível mais baixo". Então, com uma manobra de prestidigitação linguística, ele usou algumas pressuposições para dividir e conquistar o estado de resistência, assim como acessar as partes da pessoa que podem querer receber e aceitar.
De uma forma geral o apresentador tem meta-metaestatizado as pessoas resistentes, acessando um estado de aceitação da resistência ao se antecipar em pensar-sentir-falar sobre a resistência. Por pressuposição, isto implica que ele comanda a resistência. Isto é como dizer "levantem suas mãos e cooperem completa e totalmente comigo se vocês querem resistir a mim, dizendo-me que vocês não querem estar aqui!" Como o paradoxo "Seja espontâneo" funciona se você sabe como negociar o nível lógico do estado, e não se confunde pensando que os comandos existem no mesmo nível lógico do conteúdo do comando.
Isto parece funcionar da mesma forma que o paradoxo com que Sigmund Freud se deparou. (Eu não acho que ele tenha, de alguma forma, compreendido a dinâmica, mas de fato atribuiu-a a outros fatores). Ele fazia com que seus "pacientes" deitassem no divã e depois instruía-os para fazerem "livre associação", a deixarem seus pensamentos andarem livremente e dizerem qualquer coisa que lhes viesse à mente. Sentando atrás e acima deles (que âncora para uma posição de meta pessoa!), ele então acompanhava o desenvolvimento de suas produções mentais e criava um metaestado com aceitação, validação, permissão, interesse, curiosidade, etc. "Sim, e que mais?" "Ah, isto é interessante."
Meta-Stating — Interpessoal
Isto parece abrir um novo cenário para exploração, não é? Oferece um modelo para pensar, analisar e trabalhar com estados emocionais-mentais da consciência que nós exercemos uns sobre os outros enquanto interagimos e nos inter-relacionamos. Que estado assumo em relação às pessoas que eu amo? Seguidamente, nós simplesmente compartilhamos estados. Eu sinto sua alegria com você. Eu sinto seu pesar com você. Eu sinto sua perda, esperança, antecipação ,etc. com você.
Mas, às vezes, assumimos uma metaposição em relação a outros: eu me alegro com sua alegria, eu compartilho seu pesar, eu me alegro com seu sucesso, eu aprecio sua consideração, eu temo sua tristeza, eu sinto culpa sobre suas perturbações e frustrações, eu fico brabo com sua burrice, etc. (As combinações de meta-stating os outros cria todo tipo de configurações violentas, excêntricas e admiráveis!) (Veja Anchor Point, The Wild & Wonderful Things You Can Do With Meta-States, nov 1995)
Quais estados você usa comumente quando assume uma meta posição em relação a outros? Algumas pessoas parecem acessar uma metaposição negativa e pessimista sobre todo e qualquer estado que os outros acessem! Você conhece o tipo? Outros acessam o estado Mary Poppins de otimismo irrealista sobre todo e qualquer estado dos outros! Alguns fazem um estado de dissociação sobre todos os estados dos outros. Quanta flexibilidade você tem em meta-stating os outros?
Quando a A.T. (Análise Transacional) tomou o estado de ego do Pai (ex. o estado de mandão, codependente, que conserta tudo), Adulto (ex. estado dissociado, racional, sério) e Criança (ex. estado brincalhão, choramingão, dependente, vítima, alegria), eles têm mais ou menos nove conjuntos de transações interativas em seu modelo.
Com este modelo de PNL para meta-stating com relação aos outros — as combinações de modos de interagir e criar estados-sobre-estados tornam-se infinitas. Agora vá praticar.
Michael Hall é Trainer em PNL e autor do livro "Meta-States: Self Reflexive in Human Consciousness".
Artigo original publicado na Anchor Point de JUN/1996.
Tradução: Evanice L. Pauletti Revisão: Maria Helena Lorentz
Publicado no Golfinho Impresso nº29 - Março 1997